Vira e mexe ficamos sabendo de asteroides que passam raspando pelo nosso planeta, e no último sábado um desses pedregulhos espaciais passou pertinho de nós a mais de 16,7 mil km/h. O objeto, conhecido pela sigla 2006 QQ23, chegou a 7,4 milhões de quilômetros de distância de nós, o que, em termos astronômicos, é logo ali.
Se tivesse colidido conosco, o impacto poderia gerar uma força equivalente à detonação de 500 bombas atômicas como a que os EUA lançaram sobre Hiroshima. Dessa vez, a humanidade se safou, mas, segundo acreditam os cientistas, é apenas uma questão de tempo até que o nosso mundo seja atingido.

Catástrofe

De acordo com Ethan Sacks, do portal de notícias NBC News, um desses pesquisadores que está só no aguardo de que uma tragédia aconteça é Danica Remy, presidente de uma ONG na Califórnia chamada B612 Foundation, que se dedica a encontrar formas de proteger a Terra contra impactos de asteroides.
Segundo a cientista, embora existam diversas iniciativas cujo foco é desenvolver tecnologias para desviar rochas espaciais em rota de colisão com o nosso planeta, não existem projetos suficientes em busca de maneiras de detectar esses objetos com tempo hábil para que se possa fazer qualquer coisa para evitar que tragédias aconteçam.
Uma questão apontada por Remy especificamente se refere ao fato de muitos cientistas estarem preocupados em identificar e mapear asteroides e astros de grandes proporções, como o que desencadeou a extinção dos dinossauros, há 65 milhões de anos, cujas órbitas os deixam perigosamente próximos da Terra. Tanto que a estimativa é de que 95% dos objetos com 1 km ou mais já tenham sido catalogados.

No entanto, nenhuma rocha espacial oferece risco imediato de colisão conosco; segundo Remy, o perigo está mesmo em objetos menores, uma vez que, por terem pequenas dimensões, eles frequentemente só são descobertos quando estão prestes a passar pela Terra ou, pior, depois de já terem ido embora. O asteroide que se aproximou de nós no sábado, por exemplo, certamente causaria uma destruição absurda e a morte de milhões de pessoas se tivesse colidido contra uma cidade.
E talvez você se recorde da rocha espacial que explodiu sobre Chelyabinsk, na Rússia, em 2013. O objeto tinha tamanho estimado em 20 metros e nem chegou a colidir contra a superfície, tendo queimado quase completamente na atmosfera, mas, mesmo assim, causou danos em milhares de casas e deixou um grande número de feridos.
Agora em julho, um asteroide com pouco mais de 135 metros e descoberto por astrônomos brasileiros passou a apenas 64 mil quilômetros de nós, o mais próximo que um pedregulho desses chegou do nosso planeta em mais de 100 anos. Já pensou se ele tivesse trombado conosco?
Nenhum dos dois objetos era conhecido antes de sua aproximação, e é esse tipo de cenário que mais preocupa a pesquisadora. Segundo Remy, para poder evitar tragédias, é importante não focar apenas em catalogar os asteroides e as rochas espaciais gigantes, mas em mapear todos os objetos espaciais que podem colidir com a Terra. Todos eles. Pois só assim será possível calcular suas órbitas, prever quando e onde eles poderão trombar com o nosso planeta e traçar planos para minimizar possíveis tragédias.